Cisto no ovário: o que é e como tratar?
Publicado em 10/08/2023
Ocorrência muito frequente na vida das mulheres, o cisto no ovário é uma condição que, na grande maioria dos casos, não causa desconforto ou preocupação. Mas ele passa a exigir acompanhamento médico se crescer, provocar dor ou se demorar para desaparecer.
Isso porque a presença de cistos no ovário também preocupa as mulheres que temem a redução da fertilidade e o risco de malignidade.
O que é cisto no ovário?
O cisto no ovário ou cisto ovariano é uma espécie de cápsula que contém líquido. Na maioria dos casos, representa uma condição benigna (sem gravidade) e desaparece espontaneamente. Em alguns casos, pode causar dor e se romper. De acordo com a literatura médica, uma em cada três mulheres terá um cisto no ovário em algum momento de suas vidas.
Como surgem os cistos do ovário?
Mulheres de todas as faixas etárias podem ser afetadas por cistos ovarianos, mas seu aparecimento é mais comum naquelas em idade fértil. Os cistos funcionais são o tipo mais comum e não estão relacionados a uma doença específica. Eles ocorrem como resultado da ovulação, ou seja, a liberação de um óvulo do ovário.
Os cistos funcionais geralmente diminuem com o tempo, geralmente em 60 dias, sem tratamento específico. No entanto, os cistos funcionais podem ser divididos em cisto folicular e cisto de corpo lúteo.
Cisto folicular: mensalmente, durante o ciclo menstrual, um folículo cresce no ovário. Os folículos são as pequenas bolsas onde o óvulo se desenvolve, no processo conhecido como ovulação. Se o folículo não conseguir abrir e liberar o óvulo, o líquido permanece dentro dele e origina um cisto — o chamado cisto folicular.
Cisto corpo lúteo: depois que o folículo libera um óvulo, ele forma um grupo de células produtoras de hormônios chamado corpo lúteo. Um cisto se forma quando o líquido se acumula no corpo lúteo, fazendo com que ele cresça.
Gravidez: um cisto ovariano também pode se desenvolver normalmente no início da gravidez para ajudar a sustentá-la até que a placenta se forme. Em alguns casos, o cisto permanece no ovário até o final da gravidez.
Já os cistos ovarianos patológicos são cistos que se formam como resultado do crescimento celular anormal. Estes são muito menos comuns:
Cistos dermóides (teratomas): os cistos dermóides consistem em células que compõem todos os tipos de tecido do corpo humano, desde pele, cabelo, dentes e até tecido cerebral;
Endometriose: às vezes, os cistos ovarianos também podem ser causados por uma condição subjacente, como a endometriose e são chamados de endometrioma;
Infecções pélvicas graves: Infecções pélvicas graves podem envolver os ovários e as trompas de falópio. Como resultado, cistos cheios de pus se formam perto destes órgãos;
Câncer: o câncer é uma causa relativamente incomum de cistos ovarianos em pessoas que ainda não passaram pela menopausa.
Qual a diferença entre cisto no ovário e ovário policístico?
A diferença está no tamanho e no número de cistos. Geralmente, no ovário policístico existem vários pequenos cistos com 0,5 centímetro de diâmetro. Já o cisto costuma ser único e maior.
A condição de um ovário policístico na presença de outras características pode indicar uma condição chamada síndrome dos ovários policísticos (SOP).
A SOP é uma condição que causa períodos menstruais irregulares e outros problemas relacionados a hormônios, incluindo obesidade, infertilidade e hirsutíssimo (aumento do crescimento de pelos corporais).
Quais são os principais sintomas de cisto de ovário?
Na maioria dos casos, cistos ovarianos não geram sintomas e são detectados durante check-ups periódicos. No entanto, quando ocorrem sintomas, eles geralmente envolvem dor ou pressão na parte inferior do abdômen, ao lado do cisto. Essa dor pode ser aguda e/ou persistente.
Quando um cisto ovariano se rompe, pode causar uma dor aguda e repentina, que pode ser intensa. Períodos anormais ou sangramento vaginal geralmente não estão relacionados aos cistos ovarianos.
Outros sintomas quando aparecem, podem estar relacionados à um aumento de tamanho deste cisto e incluem:
Inchaço no abdome;
Plenitude, pressão ou peso no abdômen;
Dor na pélvis pouco antes ou depois do início do período menstrual;
Dor durante as relações sexuais.
Como é feito o diagnóstico de cisto no ovário?
Um cisto no ovário pode ser identificado em um exame pélvico (observação e palpação dos órgãos reprodutivos pelo ginecologista). Para determinar o tamanho e o tipo exato do cisto, o médico pode recorrer a outros exames, sendo a ultrassonografia pélvica o mais utilizado.
Quando há suspeita de câncer de ovário, o médico poderá solicitar o antígeno cancerígeno 125 (CA 125). Mas ter altos níveis desse antígeno não significa necessariamente que você tenha câncer, já que altos níveis também podem ser causados por condições não cancerígenas, como: endometriose, miomas uterinos, infecções pélvicas, doenças renais e hepáticas.
É preciso tratamento ou cirurgia para cistos no ovário?
Os cistos detectados nos exames de rotina são funcionais e desaparecem naturalmente. Aqueles com mais de 5 centímetros de diâmetro costumam desaparecer em cerca de três meses e devem ser monitorados por ultrassonografia. Caso a paciente apresente queixas ou o cisto não desapareça, o médico passa a considerar a remoção cirúrgica.
Assim, a cirurgia pode ser recomendada nas seguintes situações:
Um cisto está causando dor ou pressão persistente, ou pode romper ou torcer;
Um cisto aparece no ultrassom como sendo causado por endometriose e é removido por motivos de fertilidade;
Cistos grandes (>5 a 10 cm) são mais propensos a exigir remoção cirúrgica em comparação com cistos menores. No entanto, um tamanho grande não prevê se um cisto é cancerígeno;
Se o cisto parecer suspeito de câncer (com base em exames) ou se houver fatores de risco para câncer de ovário.
Qual a relação entre cisto e câncer no ovário?
A grande maioria das mulheres que apresenta um cisto no ovário não desenvolverá câncer de ovário. Os cistos malignos e potencialmente cancerígenos são mais frequentes em pacientes após a menopausa, ou seja, depois dos 45 anos.
O câncer de ovário é mais provável em pessoas que têm predisposição genética para câncer de ovário (por exemplo, história familiar de câncer de ovário ou câncer relacionado), história prévia de câncer de mama ou gastrointestinal e no aparecimento de um cisto que parece complexo (um cisto com áreas sólidas ou múltiplas áreas cheias de líquido)
Quando há suspeita de cistos malignos, pode haver necessidade de tratamento cirúrgico.
Quem tem cisto no ovário pode engravidar?
O cisto no ovário não causa infertilidade, mas pode dificultar a gravidez caso ocorra dentro de um quadro com alterações hormonais, irregularidade na menstruação e disfunções na ovulação.
Revisão técnica: Sabrina Bernardez Pereira, médica da Economia da Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), mestrado e doutorado em Ciências Cardiovasculares pela Universidade Federal Fluminense.
Fonte:
Blog Vida Saudável
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